quarta-feira, 5 de junho de 2013

Depoimento de leitura e escrita

Beatriz Moreira de Oliveira


Minha experiência com a leitura e escrita, se deu desde muito cedo (na infância), lembro-me de meu avô trazendo livrinhos e disquinhos que ouvíamos e líamos as historinhas, que algumas me lembro até hoje e às vezes conto para meus alunos, meus pais não tinham muito estudo, mas isso não foi um problema, pois meu pai tinha uma ótima imaginação e disposição para também inventar histórias e entreter-me. Eu gostava muito de escrever nas paredes, ensinava os menores, acho que por isso sou professora. Sempre gostei de frequentar bibliotecas e comprar livros, quando fiz faculdade a bibliotecária sempre guardava livros para mim, particularmente, considero que as leituras que fiz contribuíram grandemente para minha formação como ser humano, inevitavelmente somos influenciados pela leitura e pelas escolhas que fazemos em relação a isso. Adquiri certa agilidade em relação à leitura e consequentemente em relação à escrita.  Foi no decorrer dos anos ao adquirir mais experiências com os diversos gêneros da leitura e da escrita que percebi que a prática da leitura não corresponde a uma simples decodificação de símbolos e sim ter a capacidade de entender, compreender e interpretar aquilo que eu estava lendo. Nos dias de hoje, com a grande acessibilidade a tecnologia, é necessários usar as ferramentas que incentivem o gosto pela leitura, principalmente nossos alunos, por temas que façam a diferença, fazendo das letras uma arma no intuito de formar verdadeiros cidadãos. O que me marcou com a leitura, pois leio muito foi o fato de meus pais depois de 68 anos retornarem a sala de aula voltando a estudar tendo a mim como exemplo. 




Carliane Barbosa Manso 


Não sei dizer exatamente com quantos anos comecei a ler, minha amada vó sempre fala que fui precoce, aliás, depois vou interrogá-la sobre a questão da idade. Recordo-me apenas que logo que comecei a ir para a escola já aprendi a ler, e então comecei a ler tudo, placas, outdoor, jornais, revistas, etc. O que mais me marcou nessa época foi o orgulho que transbordava dos olhos de minha vó a me ver lendo, minha vó não teve oportunidade de estudar, lê muito pouco e mal sabe escrever seu nome direito. Fora ela a minha grande incentivadora, acho que acabei gostando tanto de ler por saber que isso a fazia feliz. Mas o papel de minha professora de alfabetização foram importantíssima também, ela e o marido dela, que também era professor e por coincidência meus vizinhos, emprestavam-me Gibis e livros infantis para me incentivar a ler.



Cilene Silva Santana


A descoberta de outros mundos chegou tarde para mim. Neta de retirantes do Nordeste, filha de mãe solteira, porém responsável por sustentar uma família grande pelo fato de ser a primeira a ter filho sem pai. Não que isso seja motivo para não ler, o problema é que não fazia parte da cultura de analfabetos terem livros em casa. Meu primeiro contato com a escrita foi meu tio, seis anos mais velho que eu, quem me ensinou escrever o meu nome, porém não a ler. Acredito minha avó desconhecia o que era a pré-escola, dizia que não iria gastar o que não tinha com uniforme para eu ir brincar na escola, então só fui com sete anos para a primeira série. Adquiri catapora e fiquei internada, não avisaram na escola por serem desinformados da lei então quando foram na escola era tarde e havia ficado retida. Nas séries seguintes não acrescentaram muito no meu conhecimento, pois lembro que eu gaguejava muito para ler, os colegas riam, então recusava a ler em voz alta na sala, gaguejava e não entendia o que lia. Muito marcante mesmo foi quando fui a casa da cunhado do meu tio, mais velho, a filha dele(minha prima) estava escutando na vitrola a história dos três porquinhos, eu aos 11 anos nunca tinha escutado uma historia infantil. Na escola tudo era decorado e descontextualizado, não inferia a reflexão. Na adolescência lembro-me de ler a revista Teen, Capricho e escrever no meu diário, mas livro mesmo foi só no colegial, hoje Ensino Médio. O primeiro livro que li foi “Amar é assim” de Carol Hill, “Do outro Lado da Meia Noite“ de Sidney Sheldon, “Ciúme da Morte” de L. Romanowski, “Diário de um Mago” de Paulo Coelho, “Rota 66” de Caco Barcelos, mas Literatura clássica o meu primeiro contato foi desastroso, acredito que faltou preparação tanto com as inferências quanto com o contexto histórico da época que a obra foi escrita. A paixão só chegou na primeira graduação, a professora falava e seus olhos brilhavam, transmitia o amor da história, dos personagens, dos conflitos e só assim descobri que nunca havia lido antes nada que ofuscasse tamanho sentimento. Então, comecei a ler os clássicos, ler não devorar como no depoimento de Rubens Alves in Na morada dos pássaros, descobri o verdadeiro mundo da leitura, o poder de viajar, conhecer os personagens e viver seus sentimentos, conversar com Machado de Assis em suas indagações, ser cúmplice de Bentinho ou ter ódio de seus fantasmas. Adorei Casa de Pensão, O primo Basílio, O crime do Padre Amaro, Madame Bovary, Tristão e Isolda, Rei Édipo, Senhora, O Banquete, Lisístrata e outros que agora não me lembro. Assim também comecei aos poucos começar a conhecer o que era a escrita.
Gosto de ler de tudo um pouco, confesso que ando sem tempo para ler por prazer, seja os 50 tons de qualquer coisa, nas férias, fiz a releitura da “Língua de Eulália” e “Metamorfose”, li “Memórias de minhas putas tristes”. A lista de livros para leitura por prazer aumenta tanto quanto as recomendadas para o magistério, uma atualização profissional. A medida que for conveniente vou dosando prazer e atualizar, afinal nem tudo é só trabalho.
OBS.: Aqui quando cito leitura por prazer é mais no caráter entretenimento.

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